Olha-se para um nome. E pensa-se. Nomes há muitos. Mais do que pessoas, na verdade. Mas olhar para um nome nada trará de novo. De que adianta fazê-lo vezes sem conta, afinal? É só um nome, caramba!
Os nomes são as palavras, por ventura mais gastas. Estão na boca, nos lábios de qualquer um. No pensamento também. Não necessariamente no coração, mas num sítio lá próximo, a memória. A memória deve estar mais próxima das aurículas e dos ventrículos que dos hemisférios cerebrais. Mas isso seria tema de uma outra conversa.
Falo agora de nomes. Presentes, passados. Circulam aos montes a cada pensamento e ninguém se apercebe que lá estão apenas letras, palavras, sem sentido, sem significado na ausência do seu proprietário. O mais estranho é a frequência com que cada um surge, talvez aleatória aos nossos ingénuos olhos enquanto o inconsciente Freudiano do nosso psiquismo planeia as mais negras mensagens subliminares... Tenta conduzir-nos à problemática da ausência sem pedir autorização. Quando damos conta, estamos dominados. Por ideias que vêm de arrasto... a nomes. Perdidos depois em “platonices”, em mundos paralelos, perder a noção da realidade é o próximo passo. E cometer erros que já foram cometidos. Já sem lembrança. Pensando apenas que este nome é diferente de outros e outros. Quando na verdade já navegamos desorientados nas malhas por nós próprios tecidas...
Percepcionar tudo isto, requer primeiro reconhecer a importância de um nome, viver e sentir a traição de um nome. Como quando repetimos uma palavra até perder sentido aos nossos ouvidos.
JV