O espelho
Cansado... Olhos pesados, braços dormentes repousando sobre o corpo. Vejo-o ali, curvado sobre si mesmo como se não houvesse músculos, ossos, energias que o sustentassem. Cabeça caída, nariz vermelho e olhos também. Na penumbra de uma luz escura, fria e agreste as suas olheiras manifestam o seu estado de ansiedade. Nervoso, as suas mãos cobrem as faces. E descobrem faces que ainda não foram vistas. Talvez ele já tenha revisitado o seu estado como quem volta sempre ao espelho, mas sempre se esquece de que lá esteve, do que lá viu. Talvez num esforço contínuo para se ver, teima fazer de Si um ciclo de (des)vontades (?) num incompreensível estado de alma, onde a sua aura se deixa abafar sem qualquer oposição.
Deita-se. Debaixo do frio do Inverno que passa encolhe-se. Os joelhos tocam o peito ao de leve e ele sente-se protegido. Enquanto dormir será um embrião daquilo que espera vir a ser. Vê-se subitamente nele um aligeirar de expressão. Quase um pequeno sorriso que desponta. De olhos cerrados tudo lhe parece bem. Pelo menos melhor do que vira.
Ao longe, do outro lado do mundo ainda é dia. Um dia onde há quem ria, onde há crianças que brincam, namorados que se beijam, negócios que se fazem, paisagens que são vistas e se deixam ver, palácios onde se dança a valsa, praias de ondulação suave, amigos que se abraçam, gôndolas que se passeiam, músicas que se ouvem... Onde o seu reflexo é menos turvo que ele mesmo.
JV
Cansado... Olhos pesados, braços dormentes repousando sobre o corpo. Vejo-o ali, curvado sobre si mesmo como se não houvesse músculos, ossos, energias que o sustentassem. Cabeça caída, nariz vermelho e olhos também. Na penumbra de uma luz escura, fria e agreste as suas olheiras manifestam o seu estado de ansiedade. Nervoso, as suas mãos cobrem as faces. E descobrem faces que ainda não foram vistas. Talvez ele já tenha revisitado o seu estado como quem volta sempre ao espelho, mas sempre se esquece de que lá esteve, do que lá viu. Talvez num esforço contínuo para se ver, teima fazer de Si um ciclo de (des)vontades (?) num incompreensível estado de alma, onde a sua aura se deixa abafar sem qualquer oposição.
Deita-se. Debaixo do frio do Inverno que passa encolhe-se. Os joelhos tocam o peito ao de leve e ele sente-se protegido. Enquanto dormir será um embrião daquilo que espera vir a ser. Vê-se subitamente nele um aligeirar de expressão. Quase um pequeno sorriso que desponta. De olhos cerrados tudo lhe parece bem. Pelo menos melhor do que vira.
Ao longe, do outro lado do mundo ainda é dia. Um dia onde há quem ria, onde há crianças que brincam, namorados que se beijam, negócios que se fazem, paisagens que são vistas e se deixam ver, palácios onde se dança a valsa, praias de ondulação suave, amigos que se abraçam, gôndolas que se passeiam, músicas que se ouvem... Onde o seu reflexo é menos turvo que ele mesmo.
JV
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