Ao direito que temos de escrever e ao dever que teríamos de não o fazer...
Saber que bem lá no fundo tudo o que fazemos e tudo o que escrevemos não consegue expressar o que verdadeiramente Somos, deveria ser um objectivo prioritário para a nossa própria compreensão. É na falta dessa consciência que muitas vezes somos acometidos pela imprudência da palavra escrita. As palavras expressam-se naqueles que as dominam, não naqueles que são por elas dominados. Daí advém a dificuldade da transcrição do nosso mundo para o papel. Dois olhos são bem mais reais que duas letras. E com eles temos o poder de transmitir mais num só momento do que em anos de pontos finais, parágrafos e travessões.
Escrever é, agora, a irresponsabilidade de deixar “vazar sentimento” descontroladamente, sem rédeas ou arreios. E tudo o que registado fica é um crime na nossa alma, a vaidade das emoções, o pavonear de alegrias e tristezas, o queixar incessantemente, o reclamar mais e mais quando o nosso direito de o fazer é cada vez mais diminuto.
Escrever é usar do egoísmo que nos é intrínseco, sem qualquer cuidado ou piedade pelos outros, pelo seu Estado, pelo seu Ser. Na escrita, o que revelamos é a mais negra face de nós mesmos, o que de pobre existe no nosso espírito. Mostramos aí toda a nossa estranheza neste mundo... E estranhamente tudo isto explicita-se no plano místico do texto escrito.
Aí não somos nós mesmos. Ou, talvez, sejamos mais nós do que aquilo que podemos pensar...
Não escrevo. Minto, apenas.
JV
Saber que bem lá no fundo tudo o que fazemos e tudo o que escrevemos não consegue expressar o que verdadeiramente Somos, deveria ser um objectivo prioritário para a nossa própria compreensão. É na falta dessa consciência que muitas vezes somos acometidos pela imprudência da palavra escrita. As palavras expressam-se naqueles que as dominam, não naqueles que são por elas dominados. Daí advém a dificuldade da transcrição do nosso mundo para o papel. Dois olhos são bem mais reais que duas letras. E com eles temos o poder de transmitir mais num só momento do que em anos de pontos finais, parágrafos e travessões.
Escrever é, agora, a irresponsabilidade de deixar “vazar sentimento” descontroladamente, sem rédeas ou arreios. E tudo o que registado fica é um crime na nossa alma, a vaidade das emoções, o pavonear de alegrias e tristezas, o queixar incessantemente, o reclamar mais e mais quando o nosso direito de o fazer é cada vez mais diminuto.
Escrever é usar do egoísmo que nos é intrínseco, sem qualquer cuidado ou piedade pelos outros, pelo seu Estado, pelo seu Ser. Na escrita, o que revelamos é a mais negra face de nós mesmos, o que de pobre existe no nosso espírito. Mostramos aí toda a nossa estranheza neste mundo... E estranhamente tudo isto explicita-se no plano místico do texto escrito.
Aí não somos nós mesmos. Ou, talvez, sejamos mais nós do que aquilo que podemos pensar...
Não escrevo. Minto, apenas.
JV
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