Confronto

Duas vozes - duas visoes...
Diversidade de opinioes com direito de resposta...

domingo, agosto 31, 2003

Frases que ficam (II)
"Mais vale o infortúnio do acaso que a uniformidade da inércia." (Jorge Vitória, in Confronto de Ideias - Pleno (2))
DTG
Re: A inconsciência que pode haver no teor de uma relação
Se me permites o comentário, e entenderás que me trato de um ”outsider”, acho que esse é um fenómeno de certa forma semelhante ao descrito pela personagem Alberto no romance “Aparição” de Virgílio Ferreira. Refiro-me à repentina tomada de consciência de algo. Neste caso, não da própria Existência e do seu “absurdo” mas de uma relação que, pelo que entendi, durava com a sua própria fluência, como se ambas as partes não interessassem.
Permite-me que partilhe contigo uma opinião: na sequência do que já tenho vindo a afirmar em alguns textos, dessa consciência (talvez chocante ou sofrida) só poderá vir a brotar novos frutos. É, no entanto, necessário o empenho que, por ventura, até então havia ficado guardado numa gaveta inconsciente. E esse sim, por vezes é difícil de obter, já que conciliar duas partes, duas Pessoas com tudo o que significam, exige esforço mútuo...
Mas esta é somente a minha modesta opinião, talvez infundada, mas reflectida e sentida.
JV

sábado, agosto 30, 2003

Pleno(2)
Inércia. Tendência a permanecer, quando nenhuma força actua no corpo, em movimento uniforme se o corpo estiver em movimento, em repouso se estiver em repouso. Primeira lei de Newton. Move muitos.
Sem se aperceberem, são muitos os que “vão vivendo”. Viver por Viver. Viver por inércia. Quantos e quantos milhões pelo mundo fora deixam que o fantasma de Isaac Newton paire sob as suas cabeças...

Conjectura “Infortúnio Vs. Inércia” – lançando um olhar sobre a existência:
Mais vale o infortúnio do acaso que a uniformidade da inércia.

A todos os racionalistas proponho o desafio de verificarem a validade científica da afirmação – já que eu não fui capaz...
A todos nós proponho uma reflexão.

Expurgando a Inércia.
JV
Sensacionalismo
Há muito que sinto um excesso de sensacionalismo noticioso nas estações televisivas. A TVI, bem há já muito (mesmo muito) que é insuportável. Um péssimo serviço de informação, baseado nas audiências e no exagero bem como na exploração do sofrimento de vítimas (fazer um “zoom in” a uma lágrima no rosto desesperado de uma mulher é mais digno de uma série dramática que de um serviço noticioso) e da desgraça alheia. Mas desde o início da guerra no Iraque que parece estar tudo doido! (Também, depois de uma guerra desautorizada pela organização que compete regular a diplomacia internacional, não seria de esperar outra coisa...)
Em período de guerra, a RTP passava mil vezes ao dia aquelas imagens em que José Rodrigues dos Santos e Carlos Fino alertavam pelas “Sirenes”. Desnecessariamente...
Mas o que me fez escrever isto é o exagero levado a cabo pela SIC ao mostrar setecentas mil vezes as imagens do atentado de Bagdad em qualquer intervalo na programação! Para quê? Para dar nas vistas? A sério que não consigo perceber quais os objectivos de passar aquelas imagens (bastante impressionantes) nos momentos mais inesperados! Não é nada agradável estar a jantar e nos confrontarmos com publicidade desta... Ridículo e revoltante...
Mas justiça seja feita. Há um serviço informativo que considero completo e digno. O nosso canal público. Aliás, canais públicos (enquanto Nero não deitar fogo a um deles...) que têm mostrado uma evolução e uma aposta na qualidade. Que continuem...
JV

Pleno
“E a si? O que o move?”
JV
A inconsciência que pode haver no teor de uma relação
Tenho-me sentido um pouco só porque o Jorge não tem tido hipótese de escrever para o Confronto (devido a vírus informático).
Por falar em sentir-me só (apreciem a ligação da primeira frase para esta lol), senti-me só com a minha consciência numa conversa que tive, no outro dia, com uma pessoa próxima a mim (agora bem a sério...)
Aquela conversa fez-me chegar à conclusão de que, por vezes, não somos tão próximos de uma pessoa como pensamos ser. A pessoa a que me refiro conheço desde sempre, é da família. Sempre estive bastantes vezes com ela (a partir daqui será o M), e se me perguntassem eu diria que conhecia o M bastante bem. Acreditem que o diria com toda a sinceridade. Mas, não podia estar mais errado! Não por pensar que era um tipo de pessoa e desiludiu-me mas pelo simples facto de que estava, há muito, distanciado dela mas não tinha consciência disso.
Quando o M me pediu para falar a sós comigo só pensei "isto não acontece há muito tempo", a verdade é que nunca tinha acontecido. E, das primeiras coisas que o M me disse foi "eu sei que só te conheço de estarmos em familia, nunca costumo falar contigo". E, aí senti-me sozinho, senti-me vazio. Tomei consciência da quantidade de pessoa com quem estou no dia-a-dia e não dou a mínima importância. Pois tudo o que partilhamos são as palavras do quotidiano. Quero dizer com isto que estamos todos os dias com uma pessoa, temos confiança com ela, mas não é por isso que a conhecemos. Deu-me calafrios pensar na quantidade de pessoas com que estou e, no fundo, concluí que não estou.
A conversa com M foi sobre um tema que me dizia respeito, e M soube vir ter comigo e dar-me a sua opinião. Ele tinha consciência do nosso distanciamento, e por isso foi natural ter vindo falar comigo (não que a conversa tenha tido alguma coisa a ver com esse distanciamento) ou encontrava-se na mesma posição que eu mas teve o discernimento de vir falar comigo. Assusta-me pensar na situação inversa. E, se tivesse eu a obrigação de me dirigir a ele? Teria eu aquele discernimento ou passaria-me totalmente ao lado?
DTG

quarta-feira, agosto 27, 2003

Frases que Ficam (I)
"não há maior homenagem que possa ser feita a um político do que haver um adversário com a intenção de o calar..." (José Sócrates, in Visão n.º546)
DTG

terça-feira, agosto 26, 2003

Palestinianos desperdiçam roteiro de paz
Mais um roteiro de paz do médio-oriente deitado fora. Só gostava de reflectir que, como muitos intelectuais gostam de fazer parecer, a culpa não é sempre de Israel.
Ariel Sharon mostrou-se aberto às negociações, "mais do que seria de esperar" noticiava a imprensa. Mas a verdade é que também a Palestina sabe como quebrar as tréguas e pôr fim a uma tentativa de paz.
Afinal, eles não são os coitadinhos revogados ao seu canto que são oprimidos e só atacam como resposta. Gostava de ver, agora, os deputados do Bloco de Esquerda a irem para a Assembleia da República munidos de Hatas(ou Veús Islâmicos).
Não estou aqui a defender Israel ou a acusar a Palestina de nada, simplesmente quero deixar o meu toque de que as coisas nem sempre são tão lineares como se quer fazer crer.
DTG
Ramiro Lopes da Silva
A lamentável e incompreensível morte de Sérgio Vieira de Melo trouxe um portugês para a frente da missão da ONU no Iraque.
A morte do diplomata teve efeitos colaterais em várias frentes. Ramos Horta na flor do momento, e talvez irrefletidamente, ou não, disse que os autores do atentado deviam ser condenados pela "pena capital". No dia seguinte os jornais perguntavam-se: "Nobel de quê?!".
Entretanto, foi necessária a escolha de um sucessor interino de Vieira de Melo. E, Kofi Annan escolheu o português Ramiro Lopes da Silva. É pena que tenha sido pelas razões que foi, mas Lopes da Silva tem uma situação muita complexa nas suas mãos, pelo que é de louvar a sua coragem, e esperar um bom trabalho da sua parte.
DTG
Incêndios
Voltei de férias. E, felizmente o atormento que abalava o país quando escrevi aqui o último post foi ultrapassado.
Finalmente, os incêndios já não marcam a abertura dos telejornais, e, agora sim, será tempo de reflectir sobre o que correu mal, e o que há a mudar para que esta tragédia não se volte a repetir.
Independemente desta discussão, que irá existir mal comece o ano político, o Governo está a mostrar-se rápido e eficiente no pagamento das pessoas lesadas pelos incêndios. De facto, já mais de 1 milhão de euros foram mobilizados, e mais de 50% das pessoas candidatas ao apoio governamental já o receberam.
Um bom começo de ano político por parte do governo, agora teremos de aguardar para ver como será a discussão sobre o lamentável sucedido.
DTG

quinta-feira, agosto 14, 2003

Um ovo(4)
“Eles sabem...” diz o anúncio. Acontece que “Eles” somos nós, e eu não sei se sei. Generalizar, generalizar. Eu tenho o direito à minha voz. Se o anúncio tivesse sido feito por mim eu teria dito. “Porque eles podem não saber se um ovo será sempre um ovo, mas levarão sempre “Vaqueiro” muito a sério...”
(Sor)risos.
Simplesmente publicitário. Sem curvas e contracurvas. Incisivo e não ambígua e desagradavelmente profundo. E sem quebrar sonhos ou utopias (podem diferir, mas ambos são feitos da mesma essência e discutir as suas entranhas será, por ventura, um ciclo vicioso e bastante suspeito – nenhum de nós estará indiferente ou ausente desta realidade...).
JV
O monstro
Há já longos tempos que me apetece insultá-lo. Sem educação, correcção linguística... Insultos gratuitos. Mas contenho-me. Tantos que se contêm e deixam que o mundo continue como tem vindo sempre a continuar.
Aquela besta, em ambos os sentidos (no de arma mortífera e sanguinária e de horripilante criatura), que alguém decidiu colocar no poder (por meios ainda hoje não muito claros), que nem capacidade oral para discursar perante um público tem, que se acha detentor de domínio sobre todos os homens, consegue surpreender o mundo dia após dia com as mais graves, ignorantes e insensatas decisões, envergonhando cada vez mais os também pouco sensatos ou muito iludidos eleitores.
Falo, como é mais que óbvio, do actual senhor e “reinante” no “império” norte-amerciano.
“Aquele-cujo-o-nome-não-deve-ser-pronunciado” (à boa maneira de J.K. Rowlling, desta feita não por medo, mas por nojo), espanta pela abécula que consegue ser (que me perdoem as abéculas) e pelas preocupantes tendências políticas... Comentários semelhantes a “Para evitar fogos, cortem árvores” jamais poder-se-ão perder por esses séculos fora, para que um dia seja recordado com o título de “O bobo que um dia foi rei”. Ou retirando o eufemismo: “O Palhaço que um dia pensou ser Nero”.
Se o senhor carniceiro do mundo ocidental não for derrubado nas próximas eleições, temo seriamente pela “estupidificação” do nosso mundo, tal como o conhecemos... E Portugal será dos primeiros, já que alguns líderes, de certa forma irresponsáveis, insistem em dar pérolas a porcos...
JV

terça-feira, agosto 12, 2003

Banalidades ilegais 2 – Para bom entendedor...
Um café. Um grupo de amigos. Uma conversa animada. Piadas. Risos. Galhofa... Alguém faz um comentário e todos se riem. O barulho ensurdecedor à volta não permite que um dos elementos do grupo (seja ele o elemento x) receba em perfeitas condições o conteúdo da mensagem. Este pede “Desculpa, podes repetir?” e ouve como resposta “Deixa lá. Não interessa.” Não interessa? Como não interessa? Por ventura o elemento x não tem também direito a rir-se? Mas o pior está para vir...
Mais tarde começam a mandar “bocas” entre si (uma espécie de jogo de “privet jokes” que atingem indirecta e indiscriminadamente cada um dos elementos, mas numa paródia total). Quando o elemento x começa a perceber que não tarda a vir uma boca em direcção a si, põe-se à escuta. Mas eis que quando chega o momento exacto, o “orador” cala-se a meio da frase. “Agora termina o que estavas a dizer” Pede o elemento x ardendo em curiosidade ao que o outro responde “Para bom entendedor meia palavra basta.”
È perfeitamente compreensível e moralmente aceitável que o elemento x tenha espancado suficientemente o seu amigo por forma a que a sua cana do nariz tenha chegado até à respectiva orelha esquerda.
Proposta de lei: “O provérbio visado é excluído de todos os manuais escolares e de toda e qualquer referência verbal. O seu uso em público é proibido. Todo e qualquer cidadão tem o direito a não falar, mas tem o dever a terminar as suas afirmações após as ter iniciado.”
Punição: “O uso do provérbio será punido com a obrigação de reescrever “Os Maias” usando apenas meias afirmações de tal forma que o seu conteúdo seja tão ou mais perceptível que o original. O não-término de uma afirmação será punido com coima até dois mil euros (mediante o suspense deixado no ar) e com a obrigação de ter que aumentar para o dobro todas as suas afirmações diárias, forçando ao uso da descrição do meio que rodeia o cidadão durante um período de pelo menos cinco meses.”
JV
Um ovo (3)
E os pormenores da vida aos quais o valor que atribuímos é tão reduzido que acabam por se tornar insignificantes? Pessoalmente admiro quem consegue ter a presença de espírito suficiente para, neste mundo agitado, conseguir dar a (talvez) merecida importância a esses sinais de que existe uma realidade que nos é externa, que não nos é intrínseca.
Conseguir dar esse valor, superar o lugar-comum de que “um ovo é só um ovo”, exigirá certamente uma paz interna que hoje em dia é difícil manter, quando à nossa volta as pressões do quotidiano fazem questão de nos manter num nervoso miudinho, numa ânsia inexplicável e que nos cega para um mundo de pequenas maravilhas.
O que de belo pode ter um ovo, afinal?
Se souber responder, parabéns pelo seu dom. Não são muitos os que o têm...
JV

terça-feira, agosto 05, 2003

Os portugueses e as bolas...
A tua referência ao mundialito, Daniel, lembrou-me uma das minhas bandeiras... O Futebol. Não! Não sou um fanático que não perde um jogo e que vai ao Domingo ver os jogos do Carrapatense da 7ª divisão de Honra... Pelo contrário.
Temos uma sociedade viciada. Em drogas? Infelizmente parte dela, sim. Em álcool e cigarros? Grande parte dela sim, para tristeza e desagrado (principalmente causado pelos fumadores "desrespeitantes" dos não-fumadores) do resto. Em futebol? Sem dúvida alguma. É o maior vício do Homem Lusitano... Como é possível que um Telejornal televisivo abra uma edição com a contratação de um jogador deixando para segundo plano decisões na Assembleia da República ou um sismo destruidor na Turquia... A que nível (infelizmente internacional) elevamos nós um mero desporto, um mero exercício físico? Criámos monstruosas empresas, devoradoras de capital... Será que vinte e dois jogadores atrás de uma bola valem tudo isso? E os ordenados exorbitantes destes senhores? Não cria a si, leitor, uma enorme sensação de injustiça social?
JV

segunda-feira, agosto 04, 2003

Uma nota antes de ir de férias...
É com lamento que qualquer português vê o que se tem passado nos últimos dias em Portugal. O país está a arder...
Ganhamos pela primeira vez o Mundialito de Futebol de Praia, contra o Brasil, onde fizemos um magnífico jogo.
O capitão da equipa portuguesa na altura de festejar lembrou-se que a situação do país, devido aos incêndios é catastrófica. Foi bonito ver a consciência de preocupação do jogador numa hora de euforia como a da vitória.
Além do orgulho de vencermos contra a melhor equipa do mundo de Futebol de Praia (há que dar valor a isto e não desprezo, como fazem muitas pessoas...), orgulho-me do espírito de união e solidariedade ainda presente no nosso país. Por isso, continuo a defender que é bom ser português!!!

( Vou de férias, e espero ter muito para responder quando voltar... :) )
DTG

domingo, agosto 03, 2003

Partido Nova Democracia
Parece-me que Manuel Monteiro e as suas tropas (quem?!) estão a nadar em seco.
Desde a criação do mais novo partido político da nossa democracia que temos visto, pontualmente, o Dr. Manuel Monteiro a aparecer dando opiniões que me parecem muito isoladas e inconsequentes... Ponho em questão se este novo partido traçou linhas orientadoras do seu trilho. Das duas uma: Ou esse trilho está muito mal marcado e levará à incapacidade política do Nova Democracia ainda antes das eleições europeias (onde duvido que o ND marque presença), ou então o trilho está a ser mal seguido, não estando a levar os objectivos a bom porto.
Os meus desejos são que o Dr. Manuel Monteiro se encontre e consiga fazer do ND um partido com ideias próprias e válidas, pois são novas ideias que fazem o sistema democrático evoluir. Mas, se a acção política continuar idêntica ao que se tem visto, o ND terá fim marcado para breve e fim será também o do Dr. Manuel Monteiro. Isto seria, do meu ponto de vista, uma perda para a vida política nacional.
DTG