Confronto

Duas vozes - duas visoes...
Diversidade de opinioes com direito de resposta...

sábado, agosto 30, 2003

A inconsciência que pode haver no teor de uma relação
Tenho-me sentido um pouco só porque o Jorge não tem tido hipótese de escrever para o Confronto (devido a vírus informático).
Por falar em sentir-me só (apreciem a ligação da primeira frase para esta lol), senti-me só com a minha consciência numa conversa que tive, no outro dia, com uma pessoa próxima a mim (agora bem a sério...)
Aquela conversa fez-me chegar à conclusão de que, por vezes, não somos tão próximos de uma pessoa como pensamos ser. A pessoa a que me refiro conheço desde sempre, é da família. Sempre estive bastantes vezes com ela (a partir daqui será o M), e se me perguntassem eu diria que conhecia o M bastante bem. Acreditem que o diria com toda a sinceridade. Mas, não podia estar mais errado! Não por pensar que era um tipo de pessoa e desiludiu-me mas pelo simples facto de que estava, há muito, distanciado dela mas não tinha consciência disso.
Quando o M me pediu para falar a sós comigo só pensei "isto não acontece há muito tempo", a verdade é que nunca tinha acontecido. E, das primeiras coisas que o M me disse foi "eu sei que só te conheço de estarmos em familia, nunca costumo falar contigo". E, aí senti-me sozinho, senti-me vazio. Tomei consciência da quantidade de pessoa com quem estou no dia-a-dia e não dou a mínima importância. Pois tudo o que partilhamos são as palavras do quotidiano. Quero dizer com isto que estamos todos os dias com uma pessoa, temos confiança com ela, mas não é por isso que a conhecemos. Deu-me calafrios pensar na quantidade de pessoas com que estou e, no fundo, concluí que não estou.
A conversa com M foi sobre um tema que me dizia respeito, e M soube vir ter comigo e dar-me a sua opinião. Ele tinha consciência do nosso distanciamento, e por isso foi natural ter vindo falar comigo (não que a conversa tenha tido alguma coisa a ver com esse distanciamento) ou encontrava-se na mesma posição que eu mas teve o discernimento de vir falar comigo. Assusta-me pensar na situação inversa. E, se tivesse eu a obrigação de me dirigir a ele? Teria eu aquele discernimento ou passaria-me totalmente ao lado?
DTG