Confronto

Duas vozes - duas visoes...
Diversidade de opinioes com direito de resposta...

terça-feira, maio 30, 2006

Choro de criança

Um grito arrepiante solta-se e levanta voo na minha rua. Um bébé (onde está ele?) desespera num pranto lacrimoso “Eu quero a minha avó! Eu quero a minha avó!”.

Imagino-o cinematograficamente controlado nos braços de uma mãe. Os dele, estendidos para o carro que parte, agitam-se no ar parecendo imitar as pernas que, em pontapés imaginários parecem chutar cada grito para que ele vá longe, para que ele seja testemunho da dor da separação.

“A avó já vem, filho...”
“A avó já vem...”

sábado, maio 27, 2006

Zapping

Hoje, numa tarde que só convidava ao exterior, fiquei relegado ao interior da minha casa, e aos livros. Nas pausas que fiz quis saber o que nos oferece a televisão numa tarde de sábado!
Num zapping rápido reparei numa estranha homogeneidade das emissões dos canais da cadeia SIC.
Não vejo muita televisão! Do pouco tempo que gasto em frente à caixinha mágica, parte é dedicado aos canais temáticos da SIC. Confesso não ver, em regra, a SIC mas vejo SIC Notícias, Mulher, Radical e Comédia. Ora, e qual não é o meu espanto, quando reparo que tanto a generalista como 3 dos 4 temáticos estavam sintonizados num mesmo evento!!!
A Radical mostrava o Unas como ele próprio, enquanto a programação (que agora é apanágio do serviço digital da TVCabo) mostrava com ostentação um programa com o horário "14h - 01h45m", a Mulher apresentava o 6teen, a SIC tinha um programa generalista sobre o tema, e nem a Noticias se safava - apresentando o Expresso da Meia-Noite (repetição) feito a partir do Parque da Bela Vista. Ou seja, todos os 4 canais apresentavam a mesma temática - o Rock in Rio, só a SIC Comédia escapava, àquela hora.
Mais tarde, tirei outra pausa para ver um pouco do jogo da selecção de futebol. Acho que este jogo não só foi particular, como foi recheado de algumas coisas particulares. Primeiro, vi um defesa central com uma camisola onde se lia "R. Carvaho", o que não é grave mas a verdade é que reparei. Depois, acho que se fez história, abrindo-se um precedente, e quiçá se tenha feito doutrina no mundo do futebol: -um jogo de futebol com "desconto de tempo"! É verdade, a meio de cada parte o jogo parou durante uns breves 60 segundos (que para quem estava no estádio não deve ter sido assim tão breve, visto que assobiaram!! Assobiaram quem, ou o quê? Qual foi a ideia? Assistiram ao vivo a um momento histórico da vida da modalidade, e ainda se queixam??) Depois, e regressando ao tema que me trouxe aqui, não pude deixar de reparar que o jogo estava a ser transmitido não só na RTP1, mas também na RTPN!! (Agora arrependo-me de não ter verificado a emissão da RTP Internacional e RTP África, mas desconfio qual seria o resultado...) Pelo que conheço do mundo da televisão no nosso país, digo que todas as pessoas que podem ver a RTPN podem, igualmente, assistir à RTP1 (ainda que o contrário não se aplique...!).
E eu, inocentemente, a pensar que o alargamento do número de canais, bem como a existência de diversos canais da mesma rede, servia para aumentar a oferta e diversificar conteúdos...

domingo, maio 21, 2006

A feather falling

Paira pena. Sem peso.

Pluma que flutua sobre brisas suaves. Como barcos à vela ao sol nascente de um mar de bonança.

És música que, sem força, emociona.

Deslizas acima de tudo, como se o tudo fosse nada. Nada perturba o imperturbável rumo que tomas. Nada te agita. Pena. Pluma.

És vento, e não és nada. Talvez um suspiro...
Ah... Mas de suspiro nada tens...
És ar, então. Ou confundes-te com ele.

Mas És?

O som do gotejar insistente?
O inevitável compasso ritmado de uma respiração pausada?
O tic tac de um relógio que não mede Vida, só Tempo?

segunda-feira, maio 15, 2006

Inexplicavelmente

“Acordei inexplicavelmente tarde. Em sobressalto.
Senti-me inexplicavelmente perdido. Sem rumo.
Inexplicavelmente abati-me sobre mim mesmo e deixei-me afundar num sono de Vida.

Inexplicavelmente este é um mau dia, quando ainda mal começou...”

domingo, maio 14, 2006

Incompletude

Em 1931 um matemático de nome Kurt Gödel publica aquele que viria a ser um dos mais famosos teoremas do século XX: o teorema da incompletude. Este teorema afirma que qualquer axiomatização consistente da aritmética elementar “contém” em si mesma verdades indemonstráveis, isto é, é incompleta. Assim não existem sistemas axiomáticos “perfeitos” para a aritmética no sentido em que a sua consistência (um sistema diz-se consistente se não permite a dedução de proposições contraditórias) implica a sua incompletude, a sua incapacidade de abranger dedutivamente todas as verdades aritméticas.

A matemática é “imperfeita”, portanto. Numa visão pitagórica do mundo que nos rodeia, em que “Tudo é número”, também Tudo é imperfeito. Que o Homem é imperfeito, não restam já quaisquer réstias de dúvida. Mas o que Gödel pode trazer de novo (numa leitura talvez leviana mas certamente humanizada da sua proposição em lógica formal) é uma visão abrangente sobre essa mesma imperfeição. Talvez a consistência (do que se É) e a completude (do que se quer Ser) sejam simplesmente incompatíveis. Daí a recorrente sensação de incompletude, uma sensação impossível de preencher. Haverá sempre Verdades indemonstráveis... Na matemática, na vida...

Kurt Gödel era um homem perturbado. Um homem capaz de usar roupa muito quente de Verão e de abrir as janelas de par em par no Inverno por crer que estava a ser envenenado com gases. A paranóia fê-lo recusar várias indicações médicas e chegou ao ponto de só aceitar comida feita pela sua mulher tal era o medo que o envenenassem. Morreu de fome em 1978 devido a doença prolongada da sua esposa.

Terá sido esta loucura causada pela intensa visão da imperfeição do Universo? Terá a sua mente chegado longe demais, a um lugar de onde não há volta? Ou terá sido esta insanidade causada pela perda do conceito de “Verdade”?

domingo, maio 07, 2006

O Homem de Piscos

(clica e ouve, depois de ouvires "O Homem de Priscos")

Nem eu, que lá estive há umas curtas, e orgulhosamente, 2 semanas, me apercebi...
Turista de algibeira? Falta-me o sentido crítico, o inconformismo face ao que nos entra pelos olhos, pelos ouvidos...?
É tão fácil pensar que aquilo que julgamos inconformista nos basta para o sermos também... Se não o formos, intrinsecamente, tornamo-nos no pior do conformista - aquele que se julga, orgulhosamente, inconformista!
E, eu, qual inconformista de algibeira, rectifico o rectificado, sem me poder rectificar a mim.

quarta-feira, maio 03, 2006

O Homem de Priscos

(clica e ouve)
Ouvi hoje de manhã, como é costume. Mais ou menos à mesma hora, há, exactamente, duas semanas, estava(mos) junto ao Homem de Priscos...