Confronto

Duas vozes - duas visoes...
Diversidade de opinioes com direito de resposta...

sábado, novembro 27, 2004

Um pensamento banal

Não há maior elogio que aquele que se recebe quando menos se espera.
Mas sobretudo de quem menos se espera...

quarta-feira, novembro 24, 2004

Olhares...
... De longe. Tão longe.
Um dia como outro qualquer. Sol. Muito sol. Sol de Inverno. Delicioso sol de Inverno. A luz que entra entrecortada pelos estores, na manhã fria, aquece.
Num imperceptível movimento, os rostos gelados como o dia encaram-se. Longe...

...Um descongela. Num sorriso escondido.

domingo, novembro 21, 2004

Penso, logo...
Limito-me a 90km/h, desligo o rádio e torno o regresso a casa num caminho interminável.
Aproveito para pensar. Parar e pensar é algo essencial para mantermos a nossa sanidade, e tantas vezes nos esquecemos de o fazer!
E, penso! Pensar no meio da noite, isolado de tudo, fora do mundo, é um autoclismo para a mente...
Agora, deito-me, sonho, amanhã continuo a viver, até me voltar a lembrar de parar para pensar, e voltar a puxar...

terça-feira, novembro 09, 2004

Profunda tristeza, profunda revolta
Demorei a tocar no assunto. Talvez porque ainda me custe aceitar uma realidade que, apesar de já prever há algum tempo, só agora se tornou palpável.
Bush ganhou. Pela primeira vez ganhou umas eleições americanas e pela segunda vez vai guiar os destinos daquela que, quando nas mãos erradas, pode ser a mais poderosa arma de destruição maciça: os E.U.A.!
Apesar de todas as evidências da fraude que ele É, os norte-americanos voltam a escolhê-lo... Um homem que mal sabe falar em frente às câmaras. Um homem que se lança de capa vermelha e S no peito para salvar o mundo quando o mundo não procura a salvação através dele. Um homem que desafia todas as políticas ambientalistas internacionais, um homem que destrói países esperando que neles nasçam os melhores amigos da América, esperando que os povos que hoje sofrem as consequências de um ataque unilateral, sem o aval da ONU, fiquem eternamente gratos por terem sido livrados da tirania para serem dizimados em massa e dominados política e sobretudo economicamente... Um homem que não merece ser chamado de homem.

E os próximos anos? Serão vividos numa espécie de terror... Um terror de toda a comunidade internacional. Que terror? Eu explico.

O Sr. Bush tem a “política da pena de morte”. Um crime é pago com outro crime. Sangue com sangue é pago. Assim fazia no seu estado do Texas, assim faz no mundo, como se rei e senhor fosse.
Alguns homens, talvez dignos desse nome, por receio ou necessidade de protagonismo, ajudaram-no nas suas tarefas diabólicas e imperialistas. Esses pagarão com a consciência, se a tiverem...

Já agora, alguém já descobriu as armas de destruição maciça? Bem... além de tudo, mente!
Como se elege um mentiroso? Como?

Quem sabe um dia destes uma outra potência não se lembra: “Olha, os E.U.A. têm armas de destruição maciça; têm um presidente doido e na eminência de as usar (nunca se sabe); vamos fazer uma guerra preventiva e unilateral, pode ser?”

Perdoem-me a violência das palavras… Espanta-me que a história não ajude a precaver erros. Afinal alguns dos líderes mundiais mais sangrentos da História foram eleitos...

domingo, novembro 07, 2004

A César o que é de César II

“Grande, quero-te grande.”, dizias. Se alguma vez o cheguei a ser, a ti o devo. Por duas vezes mudaste a minha vida, enchendo-a de experiências, de sensações, de emoções. Por duas vezes tive o orgulho de dizer “Estou a trabalhar com ela.” E a alegria que enche o meu peito ao dizê-lo é incalculável. E lembrando hoje as longas horas, semanas, meses que contigo trabalhei a saudade pesa tanto... Quando ainda ontem voltei a estar ao teu dispor, ainda ontem sentimos juntos a vibração de um público.
Houve dias de muitas e indomáveis lágrimas. Outros houve de não menos incontroláveis gargalhadas. E todas essas memórias fazem parte do mais importante de Mim.

Estou aqui. E sempre o Tempo o permitir, estarei disponível, esperando uma palavra apenas para novamente estar ao teu lado e de lá ser tão Grande quanto tu quiseres. Mas nunca tão Grande como tu.
Semana de um dia apenas
A sensação de que o tempo voa. Lugar comum, voar. Talvez porque voando passa por cima de nós, como que atropelando. Se a expressão dissesse “o tempo nada” e nela houvesse alguma realidade reflectida, talvez os gestos apressados da cidade não fossem mais que leves e suaves acenos, como que empurrando água invisível... Mas assim não é. Ele voa, esse é o facto.
Semanas de um dia, dias de uma hora apenas. Tudo escasseia. Até a oportunidade de parar, de estar numa quietude racional. Hoje toda a quietude que resta é a do irracional, do inconsciente. Num sono. Também ele por vezes escasso.

segunda-feira, novembro 01, 2004

Observação
Há uns meses atrás escrevi este post que não cheguei a publicar...

“Não é espantoso?! Todo o tipo de serviços se oferecem agora via telemóvel! O último que tive a oportunidade de ver, para meu espanto, é um serviço de informação “para quem não tem tempo para ler revistas cor-de-rosa” designado por “fofocas”...
É este tipo de aberrações promovidas por pessoas talvez não menos aberrantes que marcam o dia a dia de uma sociedade necessitada de verdadeiro alimento cultural.

Mas as prioridades do “país” andam bem longe disso...”


Há uns dias escrevi este que tão bem ilustra a última frase do anterior...

"S. Jorge
Não é por ter o meu nome. A sério que não. Mas é um lugar impressionante, o castelo que cobre o topo de uma das colinas da cidade menina e moça: Lisboa. Um lugar que em dias de Verão, com o sol caindo ao longe sob o olhar lânguido e plácido do Tejo, permite ver uma Lisboa tantas vezes esquecida.
Mas os prazeres ficam caros. Agora, por decisão de não sei quem, provavelmente alguém do ministério da cultura (será que inicialmente aquela equipa seria destinada à agricultura, mas no conturbado processo de ascensão ao poder de uma força não eleita pelo povo português perdeu o “agri”?) decidiu que seria cobrada entrada em S. Jorge por três euros. Nada que surpreenda muito. Ao longo dos tempos (e de sucessivos governos, também é verdade) museus, mosteiros, conventos, castelos, palácios foram subvertidos. De locais de interesse cultural e histórico para locais de negócio. Mas o processo parece não parar e com tendência a agravar-se (eis a prova!). O país continua de tanga (precisa de ser lavada esta tanga já suja e gasta aos olhos dos portugueses...) e onde se pode cobrar mais? Na cultura, certamente... Afinal aos olhos deste governo esse será um bem menos essencial do que helicópteros, submarinos e navios de guerra...

Enquanto o miúdo (de boné para o lado e sem um dente incisivo – provavelmente aspectos da sua alma... Ou então com sonhos ultra-secretos de ganhar um bigodezinho ridículo) se entretém a brincar à “batalha naval”, o castelo de S. Jorge deixará de fazer parte do roteiro, já se si pequeno, da família portuguesa em férias. “3 euros cada um? Somos quatro... Doze euros!!! Devem estar parvos...”

Mas o melhor está ainda para vir. A cobrança não será feita a crianças e idosos. Até aqui tudo bem... O estranho é que não será feita a Lisboetas... Ok, Ok, é lá que está o monumento. Mas o que é feito do estatuto de património nacional??? “Queria entrar. Tenho que pagar?” “De onde vem o senhor?” “Venho ali dos lados de Vila Franca” “3 euros!”
Ridículo!!! Absolutamente!

E Lisboa Património da Humanidade? Pois é, pois é..."
Carícias...
... Ao teclado. Letras que pedem pela pancada seca dos meus dedos. A ânsia de com elas formar sentidos, sentidos para coisas. Ideias.
O fascínio pelas palavras. Pelo sua beleza (ou fealdade) intrínsecas. Ouvi-las, pelo desenrolar da língua, pelos pequenos estalos húmidos da saliva, pela vibração do peito, pelo ar quente que neste inverno se torna visível, quase palpável.
Recordo Eugénio de Andrade em “As mãos e os frutos”:

“Frutos

Pêssego, pêras, laranjas,
morangos, cerejas, figos,
maçãs, melão, melancia,
ó música dos meus sentidos,
pura delícia da língua;
deixai-me agora falar
do fruto que me fascina,
pelo sabor, pela cor,
pelo aroma das sílabas;
tangerina, tangerina.”