Confronto

Duas vozes - duas visoes...
Diversidade de opinioes com direito de resposta...

terça-feira, junho 28, 2005

domingo, junho 26, 2005

Vida feita de pressa (ou depressa?)

Tenho as horas marcadas. Os objectivos traçados. Os planos delineados. Procuro cumpri-los rápido para libertar tempo. Mas o tempo é deles feito. Não vale a pena o “depressa”, mas impõe-se que seja com pressa, com urgência. Como sirenes. Para ter a sensação do “acabado”, para esfregar as mãos de contentamento. Ou para com as mesmas mãos fazer da ausência de pressa, pressa em si mesma?
Sei o que tenho para fazer. Para cumprir. Sou inclusivé capaz de projectar a um prazo alargado. E para quê? Para quando lá chegar não ter que a carvão esboçar tudo em cima de um joelho trémulo?
“A vida é incerteza”. De certeza?
Não andei perdido, nem me encontrei!
Faltou-me capacidade ou então desejo...
Agora regresso, sem nada nas mãos. Ainda assim, e como sempre, quero esvaziá-las.
No bolso, trago uma pequena caneta, essa sim, reencontrada. E, como disseste, parei deitado aqui ao lado, e agora pouso-a no papel.
No correr da escrita, falada, não saem frases bonitas, nem têm de ser agradáveis. Têm de servir para esvaziar; foi o que me disse o silêncio, quando parei deitado!

quarta-feira, junho 22, 2005

Contenção
Vê mudez no mundo em redor.
Quando em si explode a voz contida, bastaria outra voz.
Bastaria "estou". Não exige "sou", não ali, no seu mundo fictício, virtual.
Mas não.
Não vem.
Não diz.

Não. Como um final em si mesmo. Como incontornável modo de lidar com o receio do desconhecido ou então simplesmente como um manifesto de desvontade.

Shhhhhhhhhh.

terça-feira, junho 21, 2005

Li
Ontem, ao deitar, li. Li-me em folhas de papel escondidas. Revisitei-Me, fugindo ao que estou. E a letra antiga, diferente, revela memórias já esquecidas...
Sabe bem.
Faz mal.

domingo, junho 19, 2005

Revolve-me o estômago
Manifestações racistas e xenófobas em Lisboa. Tão perto... Multidão de extrema-direita. Cruz suástica tatuada num braço. “Orgulho em ser branco não é ser racista”, proclamado como verdade incontestável... Quantas mais vezes será preciso o eterno retorno, a aparente inevitabilidade da repetição da História até a fraca mente do Homem conseguir evitar os mesmos erros?

sexta-feira, junho 10, 2005

Há voz?

Há voz em mim. Questiono se voz a mais, porque os silêncios conjuntos são ensurdecedores, palpitantes, incapacitantes, ou prova de incapacidade. Tento olhá-los com naturalidade, a necessária. Mas se as emoções fervilham, como silenciá-las? E que emoções ou “desemoções”, que vazios cheios ou cheio de vazios? Que vida, que hora, que momento de pausa?
Porque me constrange o silêncio no conforto de um lar? Um lar de amigos (ou estranhos afinal...), um lar de afectos (ou ficções talvez...). Porque me solto, escancaro as portas que abrem o que pareço ser aos outros?
Há uma personagem que não Sou. Uma personagem que talvez seja (ou tenha que ser) mais que Eu.
Serei Eu ou serei outro alguém? E onde o serei? Na racionalidade, na verdade do que penso sentir (ou sinto pensar) ou na irracionalidade do impulso vocal, das palavras criminosas, dos sons abruptos e naturalmente corruptores da natureza das coisas, do que sinto?

Haverá voz em mim? Ou será só o eco de alguém?

terça-feira, junho 07, 2005

A corrida do queijo

Lançam-se atrás de um queijo. Como se o queijo fosse a própria vida. Não olhando a pedras no sapato, não se preocupando se caem e rebolam três vezes (ou mais), não vendo o sangue que eventualmente esteja em fuga do seu corpo, não procurando os rasgões da pele. Correm de olhos postos no queijo, destemidos, bravos e valorosos, deixando marcas na terra que pisam, porque pisam com força, porque a ela se agarram como um viaduto único para a vitória. Determinados em atingir os seus objectivos, apenas com a ansiedade necessária ao movimento, à desenvoltura muscular, ao fôlego e à força para sofrer dignamente defronte à multidão...

Um queijo. Quantos são os queijos da nossa vida? Quantos os que seguimos? Quantos os que atingimos? Quantos deixamos escapar como queijo amanteigado?

segunda-feira, junho 06, 2005

Cárcere

O que vejo senão paredes? O que vejo senão limites, horizontes fechados, tempos em queda livre para o seu fim, espaços claustrofobicamente remetidos ao conteúdo da palavra “cárcere”?
Vejo–me.
Mal ainda. Difuso como olhos entaramelados de sono pela manhã. Uma imagem esbatida, indefinida. Um espelho partido. Resta juntar as peças, as que não se perderam pelo caminho. As que não são sinónimo de “deserto”, de “perda” ou de “ausência”.

Aguardo, como sempre aguardei, a hora do conserto.
Por enquanto limito-me a um concerto de oboés quase sempre silenciosos cujos silvos, longamente espaçados no tempo, se mostram agudos, demasiado acutilantes, brutais e perturbadores para que me possa abstrair da distância que me separa da harmonia.

sexta-feira, junho 03, 2005

Voltar

Ao mesmo lugar e às mesmas palavras.
Palavras sobre palavras.
Ditas...

Mas mais por dizer.