Confronto

Duas vozes - duas visoes...
Diversidade de opinioes com direito de resposta...

domingo, setembro 25, 2005

O significado dos dias

Para cada dia estagne-se o tempo. Que não haja, por momentos, amanhã ou ontem.
Olhe-se então em volta, identifique-se o lugar, o instante. Atribua-se o devido valor. Qual é ele?

Preso nas malhas do tempo, enredado em impossibilidades ou incompatibilidades. Desperto para um mundo de inconveniências e irrealizações.
Essa é a emoção de um dia em águas paradas. Onde nem a tristeza flutua.

Deixe-se fluir o tempo. Na sua inevitável fuga, a inquietação levanta uma leve brisa sobre as águas.

quarta-feira, setembro 21, 2005

Atropelado

A ingenuidade é o primeiro passo para saborear os pequenos instantes. É perdida no estranho atropelo do tempo, quando as emoções são ainda botões de rosa mas a razão é um trapo rompido e enrugado. Reencontrá-la é sorrir quando menos se espera. Quando duas crianças riem numa corrida de bicicleta, quando um bebé no autocarro palra animadamente com um amigo imaginário, quando um miúdo afugenta os pombos que esvoaçam atrapalhados.

E da efemeridade desse reencontro, como ciclicamente, uma nova perda.

(Entenda o leitor que a afirmação categórica pode ser até provocatória para os espíritos de maior leveza.
Entenda o leitor que a perda de que falo é uma perda incontrolável. Tanto como o repentino retorno.
Entenda o leitor o significado de “limitado”. No espaço. No tempo.)

Entenda o leitor que o que escrevo não Sou. O que escrevo são palavras.

Ingénuas, hoje?

sexta-feira, setembro 16, 2005

Crise de identidade

A Assembleia da República está com uma crise de identidade! Parece que ninguém sabe bem a quantas anda, ou mais em concreto, em que sessão legislativa se encontra. Para piorar a situação temos o presidente dessa Assembleia a foge dessa pergunta em questão como fogem os baldas ao iníco do ano lectivo.
Primeiro ponto - acho que esta questão deveria ser de direito, e não questão política. Os partidos, mesmo que não aconteça de facto, deviam-se esforçar por argumentar legalmente e não passar a imagem que a decisão se prende com a realização ou não do referendo nos próximos tempos.
Assim sendo, e seguindo o conselho do cobarde Jaime Gama que se limitou a dizer "a resposta está na Constituição" e teve medo de expressar qual era então essa resposta, dou aqui a minha humilíssima opinião (legal e não política):
- o art. 174.º da Constituição da República Portuguesa (CRP) no seu n.º1 diz-nos que "A sessão legislativa tem a duração de um ano e inicia-se a 15 de Setembro". Tal podería levar-nos a pensar que não há, então, sombra para dúvida. Mas o art. 171.º/2 vem dizer que "No caso de dissolução, a Assembleia então eleita inicia nova legislatura cuja duração será inicialmente acrescida do tempo necessário para se completar o período correspondente à sessão legislativa em curso à data da eleição".
- Trocando por miúdos, o art.171.º/2 vem nos dizer que uma nova Assembleia que inicie funções num período que seria, ordinariamente, da vigência de uma sessão legislativa anterior completa, inicialmente, o tempo que faltava para essa sessão terminar.
- Mais... O art.º171.º/1 diz claramente "A legislatura tem a duração de quatro sessões legislativas". Julgo que qualquer pessoa facilmente concluirá que se agora se iniciar a 2.º sessão legislativa só mais duas, depois desta, restarão.
Eu sou a favor da despenalização do aborto, mas os políticos não podem esperar poder instrumentalizar a República como lhes aprouver, sejam de que partido forem!!! Quanto à caríssima segunda figura do Estado, se calhar bastava um bocadinho de firmeza e esta confusão não acontecia.
Dr. Jaime Gama seja forte, tome uma posição (de preferência uma que seja acertada [mesmo que diferente da que tomo, logo que fundamentada], mas pelo menos tome)

domingo, setembro 11, 2005

Os grandes também caem

Quem me conhece sabe que já fui grande fã do Pedro Abrunhosa.
É verdade, idolatrei o homem e defendi-o até ao tutano... Ele marcou-me a juventude, e tenho muito carinho pelo que ele me fez sentir. Além disso, ainda agora considero que a música dele é muito boa, e tenho muito orgulho em ter toda a sua discografia! Por vezes ainda ouço, com nostalgia e me dá muito prazer...
Mas quando é para cascar, também cá estou. E, a verdade é que Pedro Abrunhosa passou maus momentos com o insucesso do "Silêncio", que ficou muito aquém do "Viagens" e "Tempo". Mas, nem com tal insucesso ele perder a sua personalidade, e manteve-se firme... Lembro-me de ouvir "foi um insucesso comercial, e não um insucesso quanto a qualidade do disco", ou ainda "o público não estava preparado para a música que lhes quis dar". Não nessa altura, mas agora, hoje, Pedro Abrunhosa bateu no fundo.
Não compreendo como é que depois de um regresso bem conseguido com "Momento", o músico portuense se deu ao que hoje vemos... É verdade Pedro Abrunhosa está como modelo fotográfico em todas as agências do Banco Millenium. E mais... Não temos de esperar mais para ouvir um pouco da sua nova música, basta vermos os anúncios na televisão do mesmo banco. E, mais fazemos não sei o quê no banco e temos direito à dita cuja música.
Já acreditei ser o maior fã do homem (loucuras da puberdade hehe) mas hoje tenho de me insurgir! Na tal música diz o cantor "Eu estou aqui", pois é Pedro estás aí, algures, mas nunca pior.

sexta-feira, setembro 02, 2005

A César o que é de César (III)

Sois a prova. Sois mais que vós. Sois parte de mim, porque acredito em Vós como não acredito em mais ninguém. Da efemeridade das palavras pouco me resta dizer, da ingenuidade dos conceitos não há como exprimir o que penso. Resta apenas mostrar-vos. Dar-vos a conhecer ao mundo, pois sois donos de palavras que não atrevo pronunciar e sois dotados de conceitos que não atrevo definir.
Sois. Não vejo quem, como vós, Seja. Os vossos gestos são alentos de esperança. O que vos vai na alma é Tudo. Na clarividência de uma noite de luar, por entre olhos deturpados por um sono de vida, tudo se torna claro: sois a certeza de que a luta não é vã.

Sejam!
De vós força para tentar Ser...