Temos como certo que "campo" é sinónimo de "calma", "paz de espírito"... Podemos nunca lá ter ido, mas se lá formos um dia temos por garantido que é isso que obteremos.
Para mim isso é redutor! Em dois sentidos, passo a explicar.
Em primeiro lugar, devemos abrir mão do nosso empirismo, não aceitando como certo os pré-conceitos formados, nomeadamente, sobre o "campo". Assim, todos deveríamos caminhar em direcção àqueles sítios para onde se vai sem ser pela auto-estrada, e perceber o que, ao certo, o tal "campo" nos proporciona - em confronto com a vida na cidade.
Depois, é redutor noutro sentido. O campo rejuvenesce, limpa-nos as ideias, faz-nos respirar ar puro. Faz esquecer as filas de trânsito e os semáforos teimosos, as pessoas como formigas e as expressões rudes e mal dispostas. Faz lembrar a simpatia dos poucos rostos que se cruzam, faz lembrar que metade são família, faz lembrar o bom costume de espreitar pela janela quando alguém passa, faz lembrar o amor pela terra, e o conhecer as pessoas e as histórias que os lugares têm para nos oferecer.
Eu estive em S. João da Pesqueira, Foz Côa, Castelo Melhor, Marialva, Castelo Rodrigo, Almeida, Freixo de Espada à Cinta, entre outras localidades e gostei!!! Não gostei de passagem, gostei mesmo! Fiquei curioso por conhecer mais terras rurais, por viver e sentir o campo. Eu senti-me bem, e o maior dos problemas do "campo" foi este - ter de regressar!!
Este texto tem como destinatários jovens citadinos e "metropolitanos" que têm a mania de fazer piadas sobre os espaços rurais; e a quem custa perceber como é possível viver em aldeias sem alguns equipamentos que tomamos como básicos. Grupo de jovens em que, infelizmente, me incluo - esta é a minha tentativa de exorcizar esta parte de mim!!!