Confronto

Duas vozes - duas visoes...
Diversidade de opinioes com direito de resposta...

segunda-feira, março 27, 2006

"É complicado, tudo isto."

- Confirma-se o que me chega aos ouvidos?
Como? Como chega? Ok, já percebi que falo demais. Em demasiados lugares. Há que ter contenção. Quanto mais alto se sobe...
- Mais ou menos, sabes... É complicado, tudo isto.

- Não podes desperdiçar...
Desperdiçar... O quê, exactamente?

Frases Discutíveis...

"O Homem é piroso por natureza."
L.A.

quarta-feira, março 22, 2006

Estaca Zero

E de repente, com meia dúzia de palavras vindas aparentemente do nada, tudo muda. Os projectos em processo de sedimentação desfazem-se em poeira e tudo volta à estaca zero. Cada instante é um ponto de partida. Um novo ponto de partida. Não se avança. Nunca se avança. Apenas se entra em ciclo.
E de repente...

sábado, março 18, 2006

O anoitecer dourado

Hoje as nuvens negras fizeram do pôr do sol um anoitecer dourado. Com um sabor irreal, uma luz confortável filtrada por pesados pedaços de algodão escurecidos por uma chuva interior, uma chuva agora contínua.
Dourado. O céu. Como Eu, hoje.
E lentamente, à medida que a luz escasseia, o dourado vai dando lugar a tons violeta. Como um regresso mudo à fria realidade. Violeta como um hematoma.
Violeta. O céu. Como Eu, amanhã...

Disparidade de classificações

Desafios de vida, alturas em que há decisões capazes de mudar a Vida (ou Vidas, numa perspectiva optimista das relações sociais) são situações passíveis de pertencer à mesma classe de emoções que aquelas que surgem quando chove lá fora e a cama é tentadora (mais do que um dia de “civilização”). E embora identificáveis sob a relação de similaridade são inqualificavelmente distintos pela relação de superabilidade.
Um dia de civilização... Resolução comparativamente tão trivial...

terça-feira, março 14, 2006

Deitado na cama - mais umas balelas (?)

Mais perguntas que respostas é tudo o que tenho... Se não me compreendo é porque me abri e deixei-te entrar. O que fazes de mim agora?
Eu espero, como tempos passados; como está a ser? É só mais uma vez? Não, cada vez é uma; e esta é a tua...

Pensamentos soltos - "porque nem tudo tem de ser compreensível"

i- hoje não te vi! o dia custou mais a passar...
ii- é bom poder contar com alguém assim. obrigado!
iii- amanhã: dia completo........
iv- falta de paciência
v- deitado, cansado, diletante, ah dia que não passas!!
vi- e amanhã vejo-te?
vii- quando?

domingo, março 12, 2006

Conversas

Uma conversa constrói ou destrói; oferece ou retira; faz sorrir ou chorar; querer ou detestar; desejar ou rejeitar; esperar ou ter pressa. A conversa deixa-nos sós ou preenche-nos... A conversa deixa à espera a próxima, ou faz desejar que seja a última!
A conversa fez-me querer, e não saber o que disse...

domingo, março 05, 2006

O meu bisavô

Sempre me considerei privilegiado por ter tido a possibilidade de conhecer 4 dos meus bisavós.
Hoje estive com o único que está ainda entre nós.
Vicente Torres: a caminho dos 98 anos, natural de Matosinhos.
O meu bisavô passou pela monarquia, por três repúblicas; por duas guerras mundias; por Humberto Delgado, Álvaro Cunhal e Sá Caneiro; por Amália e Vasco Santana; pelas colónias, pela descolonização; pela censura e pelas nacionalizações.
Mas, mais do que isso, o meu bisavô foi um alfaiate de sucesso, vestiu muita gente que de longe o procurava; ainda hoje é conhecido em qualquer rua da terra que adoptou (Pampilhosa); ganhou muito dinheiro, e perdeu-o todo ao emprestar a quem lho pedia, e nunca o exigindo de volta.
O meu bisavô é aquele homem que comia uma malagueta por dia; que lavava a cara todos os dias com a água do orvalho recolhida numa taça durante a noite; que tem a cara quase sem rugas; que tem as orelhas mais compridas que conheço; que tem uns olhos azuis memoráveis; que aos 90 anos mantinha os dentes quase perfeitos; que me ensinou o significado da palavra etecetera.
O meu bisavô não me reconhece, não se lembra do que almoçou, está condenado a uma rotina que nos parece penosa, sem cessar. E, há quem diga "É uma tristeza"! Mas, o meu bisavô sabe qual é a sua terra Natal, sabe qual foi a sua profissão, movimenta-se por si, não sofre! E, mais do que tudo, sorri! Sempre que o visito encontro-o com a mesma boa disposição de sempre, sorri nem que só diga "Sim, senhora!". O meu bisavô acena-me adeus quando me despeço, até deixar de me ver. Dá-me prazer estar com o meu bisavô, e fico contente por poder fazê-lo. Por isso, eu só posso dizer "É uma felicidade!!!".

Águas pantanosas

Libertam o odor da paragem, da estagnação. São águas mortas, inanimadas. São lodo, podridão, secura. São pedaços de nada.
Não procuram ser mais que isso - não sabem como procurar. Como podem águas agitar-se a si mesmas? Por isso, resistindo à força do sol que de tudo faz para as vaporizar, as tornar inexistentes, aguardam. O tempo que for preciso.
Ainda assim, uma vez por outra, leves ondulações (para o observador externo) causam nelas agitação. E então os pequenos tsunamis que se erguem nas águas revolvem o lixo já decantado no fundo delas. Tudo se revira, tudo parece ameaçar cair por terra.
Apenas porque, na longa espera, a força se foi perdendo e não sabem mais como podem, autonomamente, recuperá-la.