A raiva socialista
Fiquei abismado com a falta de espírito democrático demonstrado por alguns dirigentes socialistas após a declaração de ontem do Presidente da República.
Ponto 1- É claro e evidente que qualquer uma das soluções era constitucionalmente aceitável.
Ponto 2- Pelo ponto 1 concluímos que qualquer das decisões do Presidente da República era legítima.
Observando o panorama socialista e, individualmente, do Dr. Ferro Rodrigues, conseguimos concluir que a derradeira tábua de salvação do secretário-geral era a convocação de eleições antecipadas. A leitura que faço do seu pedido de demissão é que ele preferiu esconder-se atrás desta situação política para se afastar do cargo, do que chegar ao Congresso e ser dizimado. Por tal situação é compreensível que Ferro Rodrigues tenha sentido de forma emocionada a decisão do Dr. Jorge Sampaio.
Mas, tal não justifica alguma das suas afirmações. Tal como ter insinuado que Jorge Sampaio apoiou a força política que apresentou candidato contra si. Como é possível ter uma visão tão redutora das coisas? O Presidente da República deve ser isento. Além de não o ser verdadeiramente, não esqueçamos que ele é socialista e continua a ser militante. Mas, não é por isso que o PS pode de esperar do chefe de Estado uma actuação em seu torno.
Do meu ponto de vista ainda piores afirmações foram as proferidas pela Dra. Ana Gomes. Depois de o PR ter assumido uma posição legal e legítima essa senhora vem dizer que ele se veio colar à direita, e que o dito de Sá Carneiro foi, finalmente, atingido! Revoltante... Veio, ainda, afirmar que a "democracia está em risco!". Desculpe, mas pessoas com posições como a sua é que colocam a democracia em grande risco. É, ainda, grande falta de espírito democrático afirmar que estava arrependida de ter votado no PR, e, também, de o ter apoiado.
A democracia não serve ninguém. A democracia serve a todos! Não podemos corroê-la quando ela não se orienta para onde desejamos. A maior virtude da verdadeira democracia é saber aceitar e respeitar as suas decisões quando elas, legitimamente, contrariam a nossa vontade!