Está nas palavras
Se o senhor tremia ou não das pernas... isso é algo que verdadeiramente não me interessa. Interessa-me mais o “tremer das pernas” enquanto expressão de gesto vulgar, de pequeno pedaço de vida, das coisas que vejo, consumo e esqueço como se de “fast-food” se tratasse. Ninguém repara no padrão que as pequenas sementes de sésamo podem formar num pedaço de pão, mas elas estão lá e a simples constatação da sua vulgaridade, por palavras, é em si mesmo algo novo. Há algo de metafísico nelas? Ou no “tremer das pernas”? Não sei. Nem sei se há metáfora possível para estas palavras. Mas a verdade é que o deleite que as palavras proporcionam (ou podem proporcionar) vale por si só... E pouco interessa se é o copo de leite que adoça o senhor ou vice-versa – embora fique satisfeito se alguém se deixa adoçar por um copo de leite... Soa melhor que a amargura cinzenta de alguém mergulhado na intensa actividade de pôr açucar no leite...
Eu prefiro as palavras.
E a minha leitura delas. Seja ela qual for. Nem que seja apenas um sorriso de satisfação por um momento simples que qualquer um poderia ter testemunhado.
Eu prefiro as palavras.
E a minha leitura delas. Seja ela qual for. Nem que seja apenas um sorriso de satisfação por um momento simples que qualquer um poderia ter testemunhado.
1 Comments:
At 6/11/06 20:23, Anónimo said…
JV: "...embora fique satisfeito se alguém se deixa adoçar por um copo de leite"
Reconhecendo a graciosidade da imagem com que nos brindas, impõe-se reafirmar que no contexto em que foi produzida a expressão (especialmente com o intuito que a move) transparece evidente ignorância, merecendo reparo. Merece reparo, especialmente, por partir de alguém que se arroga no direito de criticar (destrutivamente) o esforço de outrem, sem nos oferecer em troca "um pedaço de vida" ou esperança na vida e (menos ainda) nas pessoas.
JV: "Mas a verdade é que o deleite que as palavras proporcionam (ou podem proporcionar) vale por si só"
Subscrevo o que afirmas acerca do deleite proporcionado pelas palavras de “per si”, com a ressalva de sobrepor a finalidade à forma, numa perspectiva mais realista e em consonância com a importância das palavras para a vivência "comum" em detrimento do "simples" (mas legitimo) regozijo interior.
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