O cabo
"Tenho à minha frente um cabo amarelo de ligação ao mundo e uma das suas pontas está vazia. Desconectada do material para o qual foi feita. Enrolada sobre si mesma, numa espiral descendente, parece sozinha. Naturalmente sabe que está presa ao outro extremo (quase sempre há dois extremos nas coisas finitas - ou conscientes da sua finitude) e que não há isolamento no seu universo. Contudo algo a suga para o centro da espiral descendente, como se não houvesse propósito ou efeito no facto de, simplesmente, ser "ponta" de um longo cabo.
É um objecto - amarelo, tão amarelo - que, inanimado (como todos os objectos para os quais "objecto" não é insultuoso) me traz as tradicionais metáforas do discurso encriptado pelo qual opto. Mas não procuro nele nada mais que aquilo que me oferece (nem precisaria de procurar nada mais se a sua funcionalidade fosse materializada de forma distinta...) e que é, já de si, um raio de sol no espesso céu nublado que, teimosamente, persiste na janela ao meu lado (próxima ou indistinta de mim, afinal?)..."
É um objecto - amarelo, tão amarelo - que, inanimado (como todos os objectos para os quais "objecto" não é insultuoso) me traz as tradicionais metáforas do discurso encriptado pelo qual opto. Mas não procuro nele nada mais que aquilo que me oferece (nem precisaria de procurar nada mais se a sua funcionalidade fosse materializada de forma distinta...) e que é, já de si, um raio de sol no espesso céu nublado que, teimosamente, persiste na janela ao meu lado (próxima ou indistinta de mim, afinal?)..."
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