Até ao trinta e sete
Desço de manhã a rua ainda fresca e envolta em névoa. Já se ouvem, no entanto, pregões que entoam de misterioso modo e estilo naquela calçada ladeada por altos prédios que fazem dela sombra o dia todo. Rua que não aquece senão pelo acordeão do senhor que pede esmola e pelas vozes enrouquecidas dos vendedores de lotaria. Formam-se filas para os quiosques onde os jornais já se mostram e dão-se a mostrar. A confeitaria enfeita a montra com doçarias, bolos, cremes... Não se consegue cheirar, mas sente-se o aroma a pão quente. Os ladrilhos ora brancos ora negros formam padrões por onde os meus passos andam. Um homem de fato corre para apanhar o autocarro. Ao desembocar na praça, vê o autocarro partir. O cor-de-laranja. Mas um azul ainda o espera.
Um bando de pombas levanta voo em simultâneo e aterra ali ao lado do imponente D. Pedro que parece estar alheio àquela manhã que de novo renasce. Aterram junto de um homem que, com um saco de plástico cor-de-rosa, lança ao chão milho e migalhas de pão. Duas ou três gaivotas juntam-se com os seus gritos. Pousam corajosamente no meio da praça onde, depois dos semáforos darem presença de si e lançarem ao mundo um verde palpitante, carros e mais carros lançam-se em velocidade desaconselhada. A fila do trinta e sete faz uma longa curva enquanto uma pequena multidão vinda de S. Bento, onde o tradicional vendedor de castanhas alicia as mais susceptíveis mentes ao conforto de um idílico dia de Outono (ou Inverno, já!), se aproxima em massa. Grupos de três ou quatro pessoas conversam animadamente. Um estranho sol de Inverno paira naquela praça (chamada da Liberdade), libertando o raiar de um sorriso dentro de nós.
JV
Desço de manhã a rua ainda fresca e envolta em névoa. Já se ouvem, no entanto, pregões que entoam de misterioso modo e estilo naquela calçada ladeada por altos prédios que fazem dela sombra o dia todo. Rua que não aquece senão pelo acordeão do senhor que pede esmola e pelas vozes enrouquecidas dos vendedores de lotaria. Formam-se filas para os quiosques onde os jornais já se mostram e dão-se a mostrar. A confeitaria enfeita a montra com doçarias, bolos, cremes... Não se consegue cheirar, mas sente-se o aroma a pão quente. Os ladrilhos ora brancos ora negros formam padrões por onde os meus passos andam. Um homem de fato corre para apanhar o autocarro. Ao desembocar na praça, vê o autocarro partir. O cor-de-laranja. Mas um azul ainda o espera.
Um bando de pombas levanta voo em simultâneo e aterra ali ao lado do imponente D. Pedro que parece estar alheio àquela manhã que de novo renasce. Aterram junto de um homem que, com um saco de plástico cor-de-rosa, lança ao chão milho e migalhas de pão. Duas ou três gaivotas juntam-se com os seus gritos. Pousam corajosamente no meio da praça onde, depois dos semáforos darem presença de si e lançarem ao mundo um verde palpitante, carros e mais carros lançam-se em velocidade desaconselhada. A fila do trinta e sete faz uma longa curva enquanto uma pequena multidão vinda de S. Bento, onde o tradicional vendedor de castanhas alicia as mais susceptíveis mentes ao conforto de um idílico dia de Outono (ou Inverno, já!), se aproxima em massa. Grupos de três ou quatro pessoas conversam animadamente. Um estranho sol de Inverno paira naquela praça (chamada da Liberdade), libertando o raiar de um sorriso dentro de nós.
JV
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